Vendas

Ouvi essa história durante a preparação para uma vaga de vendedor publicitário em uma editora.

O nosso gerente era um simpático profissional, de uma felicidade doce, densa e enjoativa como xarope pra tosse. Claro, o trabalho no ramo envolve muito mais frustrações que recompensas, então o cara transformou os treinamentos de novos empregados em sessões de autoajuda pontuados por piadas no pior estilo stand up.

Segundo ele, a empresa não vendia só espaços publicitários para pequenos comerciantes, vendia margens de crescimento! As vantagens? Não são indefinidas, mas sim inimagináveis! Oportunidade? Essa é única! Você nunca mais a verá passar! Mas quem sabe eu consiga segurar o preço até amanhã?

“Acorde todo dia com a mesma vontade de trabalhar! Acene para todos no caminho, encare as desventuras com bom humor e nunca, mas nunca deixe de sorrir!”

Ele tinha um chicote esporado com o qual dominava as palavras feito a um bando de ovelhas tremeliquentas. Não sei se era um talento ou uma habilidade adquirida, mas costumava ganhar uma grana extra dando palestras em companhias, simpósios e clubes. Acostumado a ter a plateia na ponta dos dedos, sempre observando as reações e o feeling do público como um bom comediante faria, certo dia percebeu um homem sério que o assistia da primeira fila. O auditório estava lotado e as gargalhadas subiam pelo ar em ondas violentas como o mar de ressaca. O mesmo homem escutava atento a todas as anedotas; fazia anotações vez ou outra e concordava elegantemente com a cabeça. Porém, seu semblante não deixava passar qualquer expressão mais descontraída que fosse. Isso feriu o orgulho do nosso querido gerente que recebeu de si próprio a pequena missão de tirar o tal moço de seu absurdo estado de seriedade. Continuar lendo

Imperfeições

“Tonio nasceu no norte da Alemanha, numa cidade em que todos tem os olhos azuis, são loiros, saudáveis e fortes e estão de bem com o mundo. A mãe de Tonio era italiana, […] o próprio nome já indica a mistura que ele tem. Seus olhos e cabelos são escuros e ele herdou uma sensibilidade inquieta que lhe dá o potencial de artista e escritor.

Embora seja devotado àquela gente loira, ele não pode interagir; está sempre na posição do observador. No entanto, Tonio reconhece que essas pessoas são fascinantes. Quando vai a bailes, é uma maravilha observá-las. As meninas dançam muito bem; os meninos dançam muito bem. E quando ele, Tonio, dança, ele pensa: “Eu só quero sonhar e ela só quer dançar”. […] Assim, ele se sente excluído. Continuar lendo

Trailer do dia: The Theory of Everything (A teoria de tudo)

Eis que em uma dessas adds de youtube eu me deparo com o incrível trailer de “The Theory of Everything” – que contará a história do físico Stephen Hawking, baseado no livro escrito por sua primeira esposa.

Com previsão de estréia nos EUA em novembro (o que provavelmente o colocará no circuito do Oscar), o filme ainda não tem previsão de estréia no Brasil. Confiram o trailer aí embaixo:

Azul é a Cor Mais Quente, Frozen e a metáfora da Libertação Sexual

“Disney, você está fazendo isto certo!” – esta foi minha sensação ao assistir Frozen pela 1ª vez.

Tive a sorte de ver em inglês, e logo de cara me apaixonar perdidamente (como todo mundo) pela “Let it Go” – na voz absurda da estrela da Broadway Idina Menzel (para quem vê Glee, é a atriz que faz a mãe da Rachel). Apesar de alguns furinhos no roteiro (que não comprometem tanto assim o resultado final) o filme todo é muito gostoso de assistir, um novo marco na história da Disney e, esperamos todos, apenas um de muitos bons musicais dessa nova geração-3D do estúdio.

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Eu já estava com todas as músicas no celular quando assisti de novo, com um amigo. A essa altura nós já estávamos fazendo brincadeiras do tipo “Nossa, parece que a Elsa tá saindo do armário, não é?”. Mas a coisa se intensificou quando logo depois de Frozen, resolvemos assistir “Azul é a Cor mais Quente” (“La vie d’Adèle”, no original).

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Resenha – Filme: Um dia

Nós temos essa mania de embelezar o passado e fantasiar o futuro – às vezes passamos mais tempo neles do que no presente.

Quem nunca se pegou traçando “se’s” sobre acontecimentos, escolhas, relacionamentos…? Ou imaginando como será daqui a 5, 10, 15… 20 anos? A vida é cheia de encontros, desencontros, oportunidades e acasos que traçam o rumo dos acontecimentos, e a esse conjunto de fatores pedemos chamar timing – é esse, na minha opinião, o tema central de Um dia.

Como disse uma vez Robin Scherbatsky em How I Met Your Mother: “It’s all about timing; and timing is a bitch.”

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Resenha – Filme: Gravidade

“O espaço, a fronteira final…” – assim começa a tão famosa frase, repetida em cada episódio da série Star Trek.

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Eu sempre me empolguei ao extremo com histórias espaciais (ou alienígenas). desde o meu favorito Star Wars, passando por animes como Cowboy Bebop e Evangelion até a série clássica científico-filosófica Star Trek. Isso sem contar inúmeros filmes/jogos/séries que eu não conheço ainda, e que muitos mais nerds do que eu poderão citar aqui. Todo esse hype espacial se ocupa das naves super cool e lasers e aliens e batalhas intergalácticas, criando obras incríveis de se assistir, mas acabam deixando de lado questões mais profundas, e até mesmo mais simples. Vamos nos livrar um pouco do romantismo espacial e ser um pouco realistas: o que nos aguarda lá em cima?

Em vez da tradicional frase super otimista de Star Trek, talvez eu devesse pegar emprestada a fala de um personagem desta mesma série, o Dr. McCoy – vulgo Bones: “O espaço é doença e perigo, envolto em escuridão e silêncio”.

Com certeza essa frase descreveria bem melhor o espaço experimentado por Ryan (interpretação incrível de Sandra Bullock) e Matt (George Clooney) nesta nova obra-prima da ficção científica: Gravidade. Continuar lendo

Vídeo

Trailer do dia: How I Live Now

Mais um da série: “quero ver esse filme porque tem esse(a) atriz/ator”! Mas de qualquer forma eu gosto de filmes ambientados em guerra… não pelo conflito em si, mas principalmente pelo efeito da guerra na vida das pessoas, e suas reações frente a situações extremas. Quem estrela How I Live Now é a Saoirse Ronan, de quem eu sou fã desde Atonement. Confiram o trailer!

 

Conto: Limbo

“É mais ou menos como o Limbo.

Você já deve ter visto aquele filme do Di Caprio. Aquele, dos sonhos. Pois é, ele existe, o Limbo. Só que em vez de ser a parte mais profunda dos sonhos, do subconsciente das pessoas, na vida real ele é a parte mais obscura dos seus piores pesadelos. E povoado por uns malucos muito conscientes. Bem, depende do que você chama de consciência…

Enfim. É pra lá que eu estou indo esta noite, novamente. Por quê, você me pergunta? Para caçar.

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Eternos Clássicos #4: A noviça Rebelde (The Sound of Music)

Claro que eu já tinha ouvido falar de “A noviça rebelde” antes. Mas confesso que ouvi os versos “The hills are alive with the sound of music” em Moulin Rouge antes de saber que vinham desde musical, ou mesmo que o título original era “The Sound of Music”. O filme, de 1965, já estava na fila de espera há um tempo, e eu resolvi assistir semana passada.

_Maria e as crianças na montanha

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